domingo, 10 de setembro de 2017

Primeira Postagem - Artigo Científico sobre Engenharia Clínica / Central de Equipamentos


Central de Equipamentos: Uma Proposta de Reestruturação deste setor em um Hospital Público de Grande Porte localizado no interior do Estado do Ceará.

José Walder Pedrosa Costa 1 (PG), Eduardo Frota Oliveira 2 (PQ)

1  Pós-Graduando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Clínica, Universidade de Fortaleza, Fortaleza-CE
2 Orientador e Professor do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Clínica, Universidade de Fortaleza, Fortaleza-CE

eng.walder.costa@gmail.com

Palavras-chave: Central de Equipamentos. Engenharia Clínica. Gestão de Tecnologia Médica


 Resumo 
Com a crescente modernização tecnológica nos Estabelecimentos de Assistência à Saúde (EAS), tanto em infraestrutura, como no parque tecnológico de equipamentos biomédicos, torna-se cada vez mais evidente que a melhor alternativa para enfrentar e se adequar a essas mudanças é a estruturação e implantação do serviço de Engenharia Clínica. (TERRA, 2014)
Neste cenário, este estudo teve como objetivo mostrar a implantação dos Serviços em Engenharia Clínica em um Hospital Público de Grande Porte onde se aplicou conceitos de gestão de tecnologia médica através da reestruturação da Central de Equipamentos que é considerada um ponto estratégico para suprir as necessidades das áreas assistenciais. (NEVES, 2013) e (DE LIMA, 2008)
Ao final mostra-se como resultado os vários pontos positivos alcançados através da implantação dos serviços da Central de Equipamentos de forma ativa, onde esta teve como foco principal os chamados de caráter não técnico com ocorrências puramente operacionais e checagens funcionais dos equipamentos, otimizando com isso muitos chamados antes atendidos pelos profissionais da Engenharia Clínica que se encontravam quase sempre com suas atividades sobrecarregas.


 Introdução
O processo de Gestão de Tecnologia Médica consiste na administração do ciclo de vida dos equipamentos biomédicos, abrangendo desde o processo de aquisição e instalação até seu descarte e registro de fora de operação ou obsolescência, assegurando assim todos os registros de serviços e ocorrências pertinentes durante todo período que esteve ativo. (CALIL, 2002) e (OLIVEIRA, 2009)
Atinge-se uma Gestão de Excelência quando gerirmos esta tecnologia com eficiência e eficácia. A eficiência é entendida quando é traduzida no tempo de retorno de um equipamento em estado inoperante para o estado de operação normal de funcionamento, sendo tal tempo medido com base nos provedores dos serviços prestados em manutenção de equipamentos, sejam esses serviços internos (Equipe interna de Engenharia Clínica) ou externos (Empresas Terceiras). A eficácia é que a ocorrência de novas falhas não se repita dentro de um período de tempo determinado, isto é, que atenda indicadores de tempo médio entre falhas e garantindo um bom grau de disponibilização do equipamento biomédico para o serviço assistencial. Para atingir esses objetivos, se implementou toda uma estrutura gerencial nos Serviços em Engenharia Clínica, onde o ponto principal desta mudança foi a implantação de uma Central de Equipamentos ativa como uma extensão da Engenharia Clínica e não apenas mais um serviço de guarda de equipamentos. 
Baseado nesta experiencia, este artigo aborda os desafios e conquistas na implantação deste novo conceito de Serviços em Engenharia Clínica tendo como local um Hospital Público gerenciado por uma Organização Social Privada mantida com recursos públicos e contribuições sociais.


 Referencial Teórico

ENGENHARIA CLÍNICA

A Engenharia Clínica é um campo do conhecimento que deriva da engenharia biomédica e que foca na gestão de tecnologias de saúde, usando conhecimentos de engenharia e técnicas gerenciais para proporcionar uma melhoria nos cuidados dispensados ao paciente. (CALIL,1998) e (CALIL, 2002)
Os engenheiros entraram no ambiente hospitalar americano nos anos 60 em resposta às preocupações com a segurança dos pacientes, bem como a rápida proliferação dos equipamentos e avanços na medicina. Logo, viram-se envolvidos com testes de performance e de segurança elétrica, bem como ações que promovessem o treinamento dos profissionais que utilizariam os equipamentos junto aos pacientes. (CALIL, 2002)
Hoje, no cenário brasileiro, pode-se dizer que a Engenharia Clínica é composta por profissionais multidisciplinares, como Técnico de Equipamentos Biomédicos, Tecnólogos, Engenheiros, Físicos Médicos e dentre outros, que atuam em sua maioria dentro de um EAS ou em uma rede de saúde e que agem cooperativamente com administradores e demais profissionais da assistência ao paciente no planejamento tecnológico de suas atividades produtivas e na seleção adequada, criteriosa e imparcial de tecnologias existentes no mercado visando segurança e custo/benefício. (TERRA, 2014)
Assim, cabe à Engenharia Clínica analisar e oferecer ao administrador hospitalar e demais profissionais da assistência várias opções de escolha de tecnologias a partir de estudos científicos e, desta forma, estabelecer conjuntamente com os mesmos a especificação técnica detalhada para a comissão de compra ou para a comissão de avaliação de tecnologias em saúde.  (CALIL, 2002) e (ANTUNES, 2002)
É através da Engenharia Clínica que ocorre a estratégia de gestão da vida útil da tecnologia incorporada, maximizando a produção da equipe de assistência com segurança através do ideal da promoção de um departamento ou setor interno ao EAS, composto por profissionais qualificados, que sejam capazes de realizar rotinas de manutenções preventivas e corretivas, testes de verificações e calibrações com maior agilidade e proximidade do setor assistencial demandante, com confiabilidade e orientação didática, haja visto que grande parte da demanda de serviços técnicos possui soluções simples ligadas ao ambiente ou à forma de uso. (DE LIMA, 2008) e (OLIVEIRA, 2009)
Em casos nos quais a solução é mais complexa ou necessita de uma melhor estruturação da Engenharia Clínica, a equipe interna age delegando e supervisionando a atividade contratada prestada por empresas de assistência técnica ou pelo fornecedor/fabricante do equipamento. De fato, é a equipe técnica de Engenharia Clínica do EAS que verifica em campo e avalia se a empresa contratada está agindo conforme os termos contratuais ou conforme o orçamento, com ética e segurança, fazendo a avaliação periódica da qualidade na prestação dos serviços pós-venda e, desta forma, gerando informações que podem influenciar novas aquisições de tecnologia.
Neste contexto, o profissional Técnico de Equipamentos Biomédicos e o Engenheiro Clínico se posicionam de tal forma que pode vir a apontar falhas de segurança percebidas em projetos de tecnologias junto aos órgãos competentes e fabricantes, bem como apontar relação de dependência desleal de peças e outros abusos, e por isso a importância da imparcialidade do profissional e de seu compromisso com os valores do EAS para o qual trabalha. De fato, a Engenharia Clínica é reconhecida como importante componente na gestão de risco hospitalar, agindo nas causas raízes dos eventos adversos e promovendo a sua mitigação e prevenção tendo como ponto estratégico a atuação plena e eficaz da Central de Equipamentos. (CALIL, 2002) e (ANTUNES, 2002)

CENTRAL DE EQUIPAMENTOS

A Central de Equipamentos é uma estrutura física dentro do EAS que acondiciona equipamentos biomédicos de reserva técnica (Back-Ups) que ficam disponíveis para serem solicitados pelos setores assistenciais cobertos diante de uma necessidade especial, onde esses equipamentos são compartilhados de forma a otimizar sua disponibilização e uso, evitando a aquisição de equipamentos que poderiam ficar ociosos por longos períodos. Sua equipe é formada, na maioria das vezes por profissionais da área de enfermagem, ou profissionais de áreas afins que tem como foco Gestão em Tecnologia Médica. Estes profissionais são chamados de Auxiliares de Equipamentos Biomédicos que agem em todos os plantões dando suporte ao recolhimento de equipamentos sob suspeita de falha e no fornecimento, em condição de empréstimo, de recurso reserva ou na orientação de ações contingenciais na falta daquele recurso. Como suporte, a Engenharia Clínica oferece à Central de Equipamentos os serviços de manutenção e gestão de tecnologia, podendo implantar ou não uma equipe dentro da central de equipamentos. (NEVES, 2013)
A implantação de uma Central de Equipamentos pode ter diferentes motivações, dentre as mais comuns está a necessidade de reunir em um único local equipamentos e recursos que outrora ficavam sob a responsabilidade de cada setor assistencial, facilitando o acesso e poupando a energia gerencial destes setores para outras atividades. Outra motivação surge da percepção de que o profissional técnico em Engenharia Clínica é pouco disponível no mercado para atuação em plantões, e que, neste caso, ter profissionais de enfermagem capazes de realizar testes funcionais pode representar enorme vantagem para a eliminação de problemas originados por descuido ou desconhecimento de procedimentos, principalmente em períodos noturnos e feriados. (NEVES, 2013) e (CALDAS, 2015)
Desta forma, podemos classificar as Centrais de Equipamentos em dois tipos de atuação:
  • Passiva 
  • Ativa 

A Central de Equipamentos do tipo Passiva:
É aquela na qual ocorre apenas a ação de recolhimento, guarda e empréstimo de recursos, como Equipamentos Biomédicos que são transferidos junto com pacientes para outros setores do EAS, ou entre transferência para outras EAS. Neste modelo, pouco ou nada se faz para eliminar causas de utilização incorreta, e os equipamentos são direcionados após limpeza e desinfecção para os profissionais de engenharia clínica para a manutenção corretiva. Outra característica é ser genérica e oferecer cobertura a maioria dos setores assistenciais sem distinção. (NEVES, 2013)

A Central de Equipamentos do tipo Ativa:
É aquela em que se amplia o papel do tipo passivo, pela atuação com foco preventivo através da visita e conferência diária das condições de utilização junto aos demais profissionais da assistência, oferecendo orientação imediata para os mesmos diante da percepção de uma não conformidade. Por exemplo, o Auxiliar de Equipamentos Biomédicos da Central de Equipamentos do tipo ativo pode visitar os leitos de uma central de terapia intensiva e conversar com os outros profissionais que dele cuidam, ouvindo dúvidas sobre como realizar um procedimento e agindo na pesquisa de dados e na criação de material de educação continuada como feedback. É comum o emprego de um checklist de visita conferindo se cada equipamento biomédico está ligado corretamente ao paciente, e se o profissional assistencial (Técnico de Enfermagem ou Enfermeiro) que o fez domina os recursos do mesmo, com anotação do nome, data e hora da entrevista e da avaliação. É feita também a avaliação se o profissional demonstra ter energia para realizar as tarefas ou se ele se mostra desgastado e desatento, munindo assim a gestão de enfermagem de informações úteis para ações administrativas. Outras ações são:
  • Verificação se os equipamentos existentes são mesmo daquele setor e se estão presentes para o turno de trabalho. Se não, conferir os protocolos de empréstimo e movimentação disponíveis e investigar o motivo da movimentação; 
  • Verificação se os recursos emprestados estão sendo usados da forma correta e sua previsão de retorno à Central de Equipamentos; 
  • Cobrança dos recursos emprestados ao final da necessidade de uso (exemplo: paciente recebeu alta); 
  • Acompanhamento se os profissionais de assistência do setor realizaram os testes funcionais diários recomendados e se os mesmos foram documentados (exemplo: testes no cardioversor do carrinho de emergência); 
  • Verificação dos registros de conferência locais de suprimentos necessários para o turno (exemplo: trocas de balas de oxigênio, disponibilidade de recursos estéreis, etc). 
  • Conferência se há disponibilidade local de manuais de operação de equipamentos e aplicação de atividades educativas junto a equipe sobre os mesmos. 
  • Acompanhamento do cronograma de manutenção preventiva e retirada antecipada do uso do equipamento alvo em conjunto com outros profissionais da assistência, com limpeza e desinfecção, para agilizar o serviço técnico via engenharia clínica; 
  • Verificação da cultura do setor assistencial em manter equipamentos ligados na tomada para carga de bateria; 
  • Treinamento simulado de ações contingenciais, de modo a preparar a equipe do setor assistencial para possíveis falhas tais como falta de energia, falta de equipamento, incêndio, etc. Os setores mais carentes de Central de Equipamentos são aqueles focados em atendimento de emergência, centros de terapia intensiva (adulto e neonatal) e em cirurgia. Assim, centrais de equipamentos ativas tendem a se concentrar nestes setores criando controles diários específicos. 

Assim, este artigo aborda a implantação da Central de Equipamentos do tipo ativa dentro dos Serviços de Engenharia Clínica em um Hospital Público de Grande Porte localizado no interior do Estado do Ceará, destacando os pontos importantes e estratégicos relacionados à sua implantação.


 Metodologia
A proposta de implantar uma Central de Equipamentos ativa foi elaborada tendo como base a experiência profissional de três anos do autor como coordenador dos Serviços de Engenharia Clínica, e analisando os diversos chamados de manutenção corretivas que se apresentava para o setor de Engenharia Clínica onde muitos desses eram problemas de teor puramente operacional, ou mau uso da tecnologia onde percebeu-se que a Engenharia Clínica embora tivesse uma localização física dentro do hospital, sua atuação primordial, ou fundamental é estar ocupando a grande lacuna existente entre o profissional assistencial (enfermeiro, fisioterapeuta, médico e etc.) e a tecnologia médica, que muitas vezes é mal administrada pelos profissionais de saúde, ocasionando assim muitos problemas nos equipamentos biomédicos e o que é pior, expondo um enorme risco ao paciente. Então, chegou-se ao grande desafio do Serviço de Engenharia Clínica: como fazer a gestão desta tecnologia de forma eficaz, ou seja, fazendo-se mais presente na ponta e também tendo que administrar um enorme volume de manutenções corretivas e preventivas de todo o parque tecnológico. 
Foi com este grande desafio vivenciado no primeiro ano na coordenação do setor de Engenharia Clínica e Central de Equipamentos que foi colocado como meta de implantação um novo modelo de gestão da tecnologia, com a Central de Equipamentos como uma extensão da Engenharia Clínica, onde os profissionais da Central de Equipamentos, os Auxiliares de Equipamentos Biomédicos, fossem a ponte entre a Engenharia Clínica e os setores assistenciais e assim atuassem nos primeiros chamados, analisando assim melhor as ocorrências e passando os chamados de caráter técnico para Engenharia Clínica.


 Implantação e Desafios

MODELO DE GESTÃO DO SERVIÇO DE ENGENHARIA CLÍNICA IMPLANTADO

O grande desafio da implantação dos Serviços de Engenharia Clínica em qualquer EAS refere-se à necessidade da Engenharia Clínica de estar presente de forma ativa nos setores assistenciais da instituição, atuando como ponte entre o paciente e o profissional de saúde. Assim, há a necessidade de atuar de forma rápida nas ocorrências de problemas relacionados à tecnologia médica, diagnosticando a causa do problema, verificando se o mesmo é de teor técnico e analisando se foi ocasionado por uma falha operacional ou mau uso da tecnologia. Nestes últimos o profissional já faz uma abordagem disciplinar e se for constatado que a ocorrência foi devido à falta de informação, o mesmo já realiza um treinamento rápido in loco com o profissional envolvido. Dessa forma, além de ser mais rápida, a atuação é mais eficaz na resolução do problema principal, por permitir a identificação de profissionais que não estejam utilizando a tecnologia médica de maneira correta e segura, podendo assim sanar todas suas dúvidas, orientando de forma clara e objetiva sobre os erros cometidos durante o manuseio do equipamento, evitando assim novas ocorrências e falhas relacionadas à operação do mesmo.
Tinha-se na instituição uma Central de Equipamentos com a atuação passiva em que apenas se encarregava da movimentação e recolhimento dos equipamentos entre os setores assistenciais e a guarda dos equipamentos back-ups do Hospital, ficando para a Engenharia Clínica todo o papel de atendimento dos chamados técnicos corretivos e preventivos, como treinamentos operacionais das diversas tecnologias médicas para os diversos profissionais da saúde. Logo, para tornar uma Central de Equipamentos ativa foi necessário incluir novas atividades para os Auxiliares de Equipamentos Biomédicos, como assegurar o transporte dos equipamentos de forma segura, verificando e atestando seu estado de funcionamento operacional, atender também a diversas ocorrências corretivas, estabelecer rotinas de rondas nos setores assistenciais a fim de levantar melhor o estado de funcionamento dos equipamentos e uso correto dos mesmos. Em paralelo a todas essas atividades foram ministrados treinamentos para toda a equipe da Central de Equipamentos, tendo como foco principal os equipamentos biomédicos classificados como criticidade 3 (Alta Criticidade), como ventiladores mecânicos, monitores de sinais vitais e bombas de infusão. Teve-se para isso um apoio de toda a equipe da Engenharia Clínica em passar todas as informações importantes de cada equipamento e de acompanhar de perto os atendimentos dos Auxiliares de Equipamentos através da presença dos Técnicos de Equipamentos Biomédicos em alguns chamados mais complicados. Outros passos também foram dados de tamanha importância para a realização deste novo conceito nos Serviços em Engenharia Clínica.
Foi modelado todo o fluxo de chamados corretivos da Engenharia Clínica tirando atividades deste setor e atribuindo atividades para a Central de Equipamentos. Ou seja, foi criado dentro da Central de Equipamentos uma Central de Chamados, direcionando assim todos os chamados relacionados aos Serviços de Engenharia Clínica. Na figura 1 temos o modelamento da Central de Equipamentos implantado, sendo mostrado através do Mapeamento do Processo da Engenharia Clínica – Central de Equipamentos.



Fig. 1 – Mapeamento de Processo da Central de Equipamentos.

Os chamados foram divididos em três níveis de atendimento ou complexidade. Ou seja, o serviço de Engenharia Clínica foi dividido em Nível 1, este sendo chamados atendidos pelos Auxiliares de Equipamentos Biomédicos da Central de Equipamentos, onde estes irão atender as principais ocorrências e se detectado problemas técnicos passam o chamado para o Nível 2, que serão atendidos pelos Técnicos de Equipamentos Biomédicos da Engenharia Clínica, onde o chamado pode ser atendido nos setores assistenciais, quando possível, ou na Engenharia Clínica. Quando este serviço fugir ao conhecimento da equipe interna da Engenharia Clínica, ou o mesmo requerer um nível de serviço mais especializado o chamado é encaminhado para o Nível 3, que resultará na solicitação de serviços externos especializados, onde quando não se tem já um contrato de serviços, faz-se então uma contratação avulsa do serviço especializado com uma empresa prestadora de serviços técnicos qualificada a trabalhar com a tecnologia médica relacionada. 
Na figura 2 há uma amostra da Planilha de Controle de Chamados destacando as ocorrências com seus devidos dados: Nº do Chamado, Tipo, Setor Solicitante, Data e Hora do Chamado, Equipamento / Suprimento, sua TAG / Patrimônio / Nº de Série (Identificação), Criticidade e o Status do Chamado. Nesta figura temos uma visão geral, tendo como destaque os dados gerais pertinentes a ocorrência.



Fig.2 – Planilha de Controle de Chamados (Visão Geral)


Com a Planilha de Controle de Chamados há também como acompanhar todo o andamento do Chamado, ou seja, é possível acompanhar em que nível a mesma se encontra e foi finalizada. Nas figuras 3, 4 e 5 temos a visão dos atendimentos no Nível 1 (Realizado pelos Auxiliares de Equipamentos Biomédicos), Nível 2 (Pelos Técnicos de Equipamentos Biomédicos) e Nível 3 (Serviços Especializados por Empresas Terceirizadas). 



Fig. 3 - Planilha de Controle de Chamados (Visão Chamado Nível 1)



Fig. 4 - Planilha de Controle de Chamados (Visão Chamado Nível 2)



Fig. 5 - Planilha de Controle de Chamados (Visão Chamado Nível 3)


Como último passo criou-se uma Ordem de Serviço Padrão, para o acompanhamento destas ocorrências, onde a mesma é utilizada para registrar todos os níveis de atendimento que a tecnologia médica irá passar. Junto com a Ordem de Serviço Padrão e a Planilha de Controle de Chamados, ambas na plataforma Google Drive, na qual é registrado o número do protocolo de atendimento gerado na Ordem de Serviço aberta e nela se acompanha todo o desenrolar dos níveis que a tecnologia médica passa até sua finalização. Nesta mesma planilha são gerados diversos indicadores estratégicos para acompanhamento dos tempos de atendimento entre os níveis, como o tempo total de finalização de cada Ordem de Serviço conforme o Grau de Criticidade. Pode-se assim avaliar a qualidade dos serviços entregues ao cliente final (Ver Figura). 
Na Figura 6 há a visão da Planilha que Gera a Ordem de Serviço Padrão.



Fig. 6 - Planilha Geradora da Ordem de Serviço Padrão


Na figura 7 é apresentada a visão do indicador estratégico, chamado atendido pelo Nível 1, ou seja, pelos Auxiliares de Equipamentos Biomédicos para as ocorrências de criticidade 3 (Alta Criticidade) dentro do prazo acordado e consolidado na interação de processos com os setores assistenciais. Através da análise da figura 7 e figura 8 pode-se destacar o número expressivo de chamados atendidos pelo Nível 1 em comparação com os atendidos pelo Nível 2 ou seja, pelos Técnicos de Equipamentos Biomédicos. Com isso se permite constatar a atuação efetiva da Central de Equipamentos em solucionar a maioria das ocorrências classificadas com baixa complexidade técnica, não necessitando assim dos serviços dos Técnicos de Equipamentos Biomédicos.



Fig. 7 - Indicador de Chamados atendidos pelo Nível 1 (Auxiliares de Eq. Biomédicos) dentro de prazo.



Fig. 8 - Indicador de Chamados atendidos pelo Nível 2 (Técnico de Eq. Biomédico) dentro de prazo.


Por último, na figura 9 é apresentada a visão do indicador estratégico Taxa de Ordem de Serviço Finalizadas com o Ateste Final Positivo do setor assistencial (Cliente). Este indica o grau de eficiência dos serviços realizados por toda a equipe que compõem os Serviços em Engenharia Clínica, destacando principalmente a atuação efetiva dos Auxiliares de Equipamentos Biomédicos dando um apoio fundamental aos setores assistenciais e diminuindo consideravelmente os chamados atendidos pelos Técnicos de Equipamentos Biomédicos.



Fig. 9 - Indicador de taxa de O.S. Finalizadas com Ateste Final Positivo do Cliente.


 Conclusão
Com a implantação da Central de Equipamentos ativa como uma extensão da Engenharia Clínica foi possível verificar a redução do número de chamados corretivos que antes eram direcionados a Engenharia Clínica, assim como também é possível concluir que a grande maioria das ocorrências foi resolvida pelos Auxiliares de Equipamentos Biomédicos da Central de Equipamentos, que antes não atuavam de forma ativa e não prestavam um serviço tão qualificado e especializado. Como resultado da implementação das rondas diárias nos setores assistenciais realizadas pela equipe de Central de Equipamentos se verifica a redução do número de chamados corretivos, onde se destaca a identificação de problemas antes mesmo da abertura da ocorrência junto à Engenharia Clínica, permitindo que sejam tomadas as devidas providências, resultando na antecipação da progressão das falhas que iriam acarretar numa possível quebra do equipamento biomédico. Com isso, ficou evidente que os chamados que passaram a ser atendidos pelos profissionais da Engenharia Clínica são em sua grande maioria problemas técnicos, ou seja, defeitos ocasionados por problemas mecânicos ou elétricos/eletrônicos. Assim, pode-se utilizar a hora técnica em assuntos de caráter técnico e não em assuntos de nível operacional ou funcional dos equipamentos biomédicos, trazendo com isso, um maior aproveitamento dos serviços internos na Engenharia Clínica que pode ficar focada em problemas de ordem técnica e complexa, como também favorece um maior acompanhamento dos serviços externos especializados executados por empresas contratadas, possibilitando uma maior fiscalização e verificação dos serviços prestados.
Portanto, com a implantação da Central de Equipamentos ativa, além dos benefícios percebidos pelas áreas assistenciais como o aumento da disponibilidade do equipamento, a realização de treinamentos in loco rápidos e direcionados aos profissionais assistenciais, a supervisão das guardas de equipamentos nos setores assistenciais a fim de manter os equipamentos ligados na tomada para a carga de bateria, a garantia de um melhor acompanhamento do cronograma de manutenção preventiva e a retirada antecipada do uso do equipamento alvo em conjunto com outros profissionais da assistência, com limpeza e desinfecção, para agilizar o serviço técnico via Engenharia Clínica, também ficou evidente a otimização da mão de obra especializada da equipe técnica da Engenharia Clínica que passou a direcionar os esforços em atividades voltadas à resolução de problemas técnicos nos equipamentos, permitindo um melhor planejamento das atividades do Serviço de Engenharia Clínica na instituição.


 Referências

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 Agradecimentos
Agradeço a Deus pelo dom da vida e por ter me proporcionado a realização desta Pós-Graduação em Engenharia Clínica. Ao Diretor do Hospital pelo apoio e confiança em meu trabalho. A meu orientador por sua paciência nas inúmeras trocas de mensagens por e-mail e “whatsApp”, apoio e enorme contribuição na realização deste artigo. Por fim, um agradecimento em especial a minha esposa por sempre me acompanhar nas inúmeras viagens de Sobral a Fortaleza para Pós-Graduação na UNIFOR, como da nossa filha peluda “Pet” que também compartilha destas idas e vindas nestes dois anos.

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